sábado, 17 de agosto de 2013

Pleasures.....Viagens em Paredes

O dia começa com o som da água a correr aos meus pés.....
Não me escondo do Sol como os seres à minha volta que procuram uma sombra para dormir.
Eu já vivo! E sabe bem deixar que o Sol me toque e me aqueça o corpo frio da água gelada onde mergulho.
Ouço djambés e guitarras ao longe até que o som de um saxofone enche o ar. 

Três da tarde...e a música chega em tom de jazz/rock, como uma cócega a despertar com um sorriso corpos inertes. Vejo o palco ao fundo sob uma plateia de corpos deitados que lentamente se erguem aqui e ali.
Rodam copos com álcool que me chegam às mãos sem avisar, as cabeças enchem-se com o aroma da boa erva que circula no ar. Acordam-se os sentidos com mergulhos, olha-se para o mundo nas folhas de um jornal. Sente-se e respira-se Liberdade e Paz à minha volta!
O jazz transforma-se em rock/indie pesado e às vezes metal a tatear os corpos e a desafiá-los a levantar-se...para a festa.

Cinco da tarde....a música começa a soar do outro lado da Parede.
Espevitam-se almas com sons pujantes, novidades. Algumas tocam-me e fazem-me vibrar, outras passam-me ao lado sem as sentir.
O calor dos corpos mantêm-se enquanto o Sol se vai, embalados por melodias sonantes, ritmos com sabor a terras distantes ou sons há muito gravados na memória.

Progressivamente deixa de se fazer Arte ao manusear instrumentos que produzem melodias que me preenchem por completo. Deixa de haver dedos a dedilhar instrumentos e a provocar sensações, deixa de haver braços a marcar batidas fortes em explosões de êxtase, deixa de haver sopros que arrepiam a pele ou vozes a soltar gemidos que acompanham o som do prazer. 
E chegam os beats a chamar para a viagem que acompanha os químicos que enchem os cérebros dos corpos.
Não viajo com o mesmo bilhete, mas sinto o Amor espalhado pelo MD e a distância a que voam os olhos que me rodeiam em ácido e que se transformam em negros pelo tamanho das pupilas que dilatam até absorver a cor da íris.

De pés assentes no chão, mas com a cabeça em nuvens de THC, sinto-me na noite como uma visita bem acolhida a vaguear por entre a beleza envolvente.
Os beats soam impiedosos a puxar pelas viagens que emergem e a esventrar os corpos de quem já lá chegou. Nos palcos há apenas as mãos dos Masters que conduzem as Almas com o poder do som que sai das groves e dos sintetizadores. Brincam com os ritmos que dominam os movimentos dos corpos e controlam a gigante orgia de prazer. As batidas ritmadas aceleram progressivamente introduzindo mais um som que faz mover mais um braço, mais um beat a fazer vibrar um músculo...até a entrega ser total, num balanço frenético, até parecer que o corpo não vai aguentar mais e explodir no clímax do prazer acompanhado por um urro...para depois ser suavemente acariciado por um beat mais calmo, ou até uma melodia doce...e os corpos recuperam forças para mais uma investida. Às vezes param abruptamente quando os corpos já estão totalmente entregues, como quando ele saí de dentro sem avisar deixando uma sensação de desconsolo e vazio...apenas brincam para demonstrar o seu poder, pois antes de arrefecer penetram-nos com um beat profundo que arranca suspiros que enchem o ar.

Os corpos ficam esventrados, abertos, disponíveis, sequiosos de som. Receptivos a encher-se com qualquer outra vibração que surja noutros palcos. Esmifram todos os resquícios de música até ao último acorde e continuam a soar sons pelos cantos a embalar os movimentos dos corpos onde os químicos persistem, à medida que outros se vão deixando cair à beira rio até serem novamente despertados pelo Jazz.


Não vivi esta viagem, mas gostei de passear por lá.

6 comentários:

  1. Infelizmente, foi um dos piores Paredes de Coura dos últimos anos. Nem a Nostalgia de Calexico, Echo e Belle me transcenderam do banal.

    Retive uma bela surpresa, Bass Drum of Death, e o tremendo concerto de Unknown Mortal Orchestra.

    Beijoca Estrelita... e bem-vinda aos Festivais acima da Invicta ;)

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    1. Eu gostei de Calexico. Surpreenderam-me ao encaixar "Love will tear us apart" ou até "Desaparecido" do Manu Chau e os Mariachi trouxeram energia positiva ao festival.
      Também gostei dos Alabama Shakes, a Brittany tem tudo lá dentro.
      TOY, em quem punha grandes expectativas, não me desiludiram, mas também não surpreenderam.
      Palma Violets...valeram pelo momento de boa disposição, mas fracos em termos músicais.

      Retenho uma experiencia mais profunda com a música electrónica (nunca tinha visto fazer crowdsurfing com este tipo de som) e foi curioso ver a plateia a transformar-se em pista de dança. Já tinha visto Justice (alive) mas agora em versão DJ set foi giro vê-los a comunicar com as "samples". Falavam com a música que é uma coisa que aprecio.

      Agora não posso deixar de dizer que seria tudo perfeito se estivessem lá apenas metade das pessoas....mas valeu pela experiência.

      Gostei de te ter aqui saido da casca :)

      Beijo da Tua *Estrela*

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  2. Existem muitos tipos de viagem... não temos todos de a viver do mesmo modo,aliás a mim o que me fascina é exactamente a diferença encontrada.numa mesma experiência.

    Acredito acima de tudo,que a viveste muito bem!
    um beijinho

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    1. Vivi-a com tudo, entrega total, tal como é meu hábito Rapariga Simples. Concordo contigo, é interessante ver as experiencias de diferentes prespectivas e procurar entender o que nos rodeia.

      Foram uns dias bem passados :)

      Beijo *Estrela*do*

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  3. Estrela vive tudo o que te faça bem, o que te faça feliz.

    beijo

    -___-,

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    1. É o que eu tento Nethuns, todos os dias :)

      Beijo from a *Star*

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